sábado, 4 de fevereiro de 2012

"Pequenos detetives"

Um bom observador de aves comporta-se como um detetive. Ele é muito curioso e atento. Vive olhando para tudo, á procura de pegadas, marcas e pistas. Dia 17 de setembro, levamos nossos “pequenos detetives” para mais um dia de campo. O local escolhido desta vez foi a Chácara Anis, localizada a 10 km da cidade de Aquidauana e ao pé da serra de Maracajú.

O dia estava ensolarado e quente e as crianças estavam muito animadas. Ao chegarmos ao local, as crianças foram acomodadas a sombra de árvores ao redor da sede enquanto a proprietária, Sra Anelize, dava as boas vindas com muito entusiasmo. Esta é uma atividade a qual ela gosta muito e apóia, pois a principal atividade econômica em sua propriedade é o turismo de observação de aves. Assim, ela abriu sua propriedade para que pudéssemos passar uma tarde agradável com os integrantes do COMAP observando as aves que ocorrem no local. Após algumas instruções de praxe sobre cuidados no campo, manuseio e maneiras para melhor observar aves, saímos à procura destas criaturinhas cantoras, grandes ou pequenas, mas fascinantes!

As crianças receberam binóculos cedidos pela Sra Anelize, binóculos antigos os quais haviam servido para soldados russos avistarem seus inimigos durante a segunda guerra mundial e que agora, fugindo ao percurso da história, seriam utilizados por crianças, na observação de cores, tamanhos, diversidade, cantos, flores, vida! Mesmo apresentando algumas limitações (pois os binóculos não possuíam zoom, sendo a visualização melhor quando os animais estavam longe), os binóculos foram muito importantes para a atividade, uma vez que cada criança recebeu um binóculo. O fato de todas as crianças possuírem um binóculo facilitou o avistamento das aves, uma vez que todas conseguiam ver a espécie avistada ao mesmo tempo.


Imaginei com se fossem soldados numa guerra diferente onde o alvo era as aves e a vitória o aprendizado sobre as inúmeras espécies avistadas nesta tarde. Quando cada criança recebeu “seu” binóculo foi possível notar a alegria na fisionomia delas, é como se sentissem pessoas importantes. Logo, em campo, um casal de tesourinha (Tyrannus savana) foi a primeira atração do dia. Pousadas numa arvore baixa o casal se deixou observar dando um show de comportamento, voando e capturando insetos e voltando a pousar no mesmo galho. As crianças também deram um show a parte, pois se comportaram como “experientes” observadores de aves, observando e anotando tudo numa caderneta. Todas as crianças conseguiram observar esta espécie e além do casal de “tesourinha-do-campo”, observaram também um lagarto (Tropidurus torquatus) que corria pelo tronco tentando se esconder.

Muitas espécies de aves foram avistadas, além de um tamanduá-bandeira que resolveu dar o “o ar de sua graça” passando descontraidamente pelo pasto, parando aqui e ali para se alimentar. No final da tarde um casal de araras azuis apareceu no local e pousou numa das palmeiras de bocaiúva para se alimentar. Cezar foi à frente para fotografar enquanto as crianças empunhavam seus binóculos para observar. Com o aproximar das crianças as araras voaram e pousaram num angico branco (Albizia niopioides) de onde não saíram ate que fossemos embora.


Neste dia foi observado e identificado um total de 25 espécies de aves na Chacara Anis. Os ambientes percorridos foram área de pasto, e brejo.Um fator muito positivo de se trabalhar com crianças é a resposta imediata quanto ao que ensinamos a elas. Observamos que a maioria das crianças marcava todas as aves avistadas num caderninho. Uma criança, em especial, nos chamou bastante a atenção durante esta saída a campo. Rodrigo, de apenas 9 anos, foi um exímio observador. Uma demonstração disso foi no final da tarde quando estávamos a uns 100 metros da sede e avistamos uma ave pousada no ninho artificial 2162. Quando perguntado que ave seria aquela, sem medo de errar ele respondeu que era um pica-pau, qual não foi minha surpresa quando posicionei o binóculo e tive a confirmação de que realmente era um pica-pau (Dryocopus lineatus).


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